A história da Vela

Escrito em 14/05/2019
Hugo Couto


O uso de barcos a vela começou há séculos, porém para competições somente teve início no século 17. As primeiras regatas ocorrem em águas britânicas por incentivo do rei Carlos II. O primeiro clube de vela conhecido, o Royal Cork Yatch Club nasceu na Irlanda, em 1720. Somente 29 anos depois o clube realizou sua primeira grande regata, entre Greenwich e Nore. Em 1775 surgiu o Royal Thames Yatch Club, em Londres.
 
A primeira regata internacional foi realizada em 1851, próximo à Ilha Wight, com o nome de Hundred Guineas Cup. No mesmo ano, surgiu a America’s Cup, a mais famosa e prestigiosa regata no mundo da vela. Em 1907 nasceu a União Internacional de Corridas de Iates (IYUR), rebatizada anos depois de Federação Internacional de Vela (Isaf). Mais recentemente, a entidade mudou seu nome para World Sailing.
 
 

No Brasil


 
A vela chegou ao país no fim do século 19, trazida pelos europeus. Em 1906, surgiu o Iate Clube Brasileiro, no Rio de Janeiro (Niterói). A primeira regata nacional foi o Troféu Marcílio Dias, realizado em 1935. Desde 2013, o desenvolvimento da vela no Brasil está a cargo da CBVela.
 
Atualmente, a CBVela realiza anualmente a importante Copa Brasil de Vela, competição que reúne as classes olímpicas e tem como objetivo formar a Equipe Brasileira de Vela, que recebe apoio para a disputa das principais competições no ano. Em paralelo, a entidade também investe em novos talentos com a realização da Copa Brasil de Vela Jovem.
 
Dentro do programa Vela Jovem, a CBVela também atua na organização da Copa da Juventude, competição que serve de seletiva para o Mundial da Juventude. Os classificados contam com apoio da entidade para a viagem. Além disso, a CBVela apoia a participação dos atletas nos demais Mundiais de classe jovem, organiza clínicas e gerencia o programa Conhecendo Novas Velas, que apresenta para as crianças o mundo da modalidade.
 
Outras competições importantes no calendário nacional da vela são a Semana de Ilhabela e a Regata Internacional Recife/Fernando de Noronha (REFENO). A cidade de Itajaí, em Santa Catarina, também é palco de uma importante disputa internacional: a Volvo Ocean Race, a regata de volta ao mundo.
 
Entre os estados com mais atividades náuticas estão Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Bahia, Paraná, Pernambuco, além da capital Brasília.
 
 

Os principais clubes náuticos do país atualmente são:

 
 
Veleiros do Sul – VDS | Porto Alegre / RS
 
Clube dos Jangadeios – CDJ | Porto Alegre / RS
 
Iate Clube Guaíba – ICG | Porto Alegre / RS
 
Iate Clube de Santa Catarina – ICSC | Florianópolis / SC
 
Iate Clube Veleiros da Lagoa – ICVL | Florianópolis / SC
 
Iate Clube lago de Itaipu – ICLI | Foz do Iguaçu / PR
 
Clube Náutico de Antonina – CNA | Antonina / PR
 
Yacht Club Paulista – YCP | São Paulo / SP
 
Yacht Club Santo Amaro – YCSA | São Paulo / SP
 
Escola de Vela Municipal de Ilhabela – EVI | Ilhabela / SP
 
Clube de Campo do Castelo – CCC | São Paulo / SP
 
São Paulo Yacht Clube – SPYC | São Paulo / SP
 
Tempo Wind Clube – TWC | São Paulo / SP
 
Clube Internacional de Regatas – CIR | Santos / SP
 
Clube Naval Charitas | Rio de Janeiro / RJ
 
Iate Clube do Rio de Janeiro | Rio de Janeiro / RJ
 
Clube Naval Piraquê – CNP | Rio de Janeiro / RJ
 
Iate Clube de Brasília – ICB/DF | Brasília / DF
 
Clube Naval de Brasília – CNB | Brasília / DF
 
Cota Mil Iate Clube – CMIC | Brasília / DF
 
Yacht Club da Bahia | Salvador / BA
 
Aratu Iate Clube – AIC | Aratu / BA
 
Axé Wind | Salvador / BA
 
Cabanga Iate Clube de Pernambuco | Recife / PE
 
Rio Yacht Club – RYC | Niterói / RJ
 
Iate Clube Brasileiro – ICB | Niterói / RJ
 
Iate Clube Icaraí – ICI | Niterói / RJ
 
Jurujuba Iate Clube – JIC | Niterói / RJ
 
Praia Clube São Francisco – PCSF | Niterói / RJ
 
Clube de Regatas Guanabara – CRG | Rio de Janeiro / RJ
 
Clube dos Caiçaras – CC | Rio de Janeiro / RJ
 
Búzios Vela Clube – BVC | Armação de Búzios / RJ
 
 

O esporte

 
O iatismo ou vela é o nome dado ao esporte que envolve barcos movido exclusivamente por velas, com o uso da força do vento como meio de deslocamento. Genericamente, os barcos a vela podem ser divididos entre os monotipos e os barcos oceânicos. Essa designação depende da dimensão da embarcação e da possibilidade de residir a bordo.
 
Os barcos monotipos são construídos com base em uma regra preestabelecida e são exatamente iguais, nas diferentes classes existentes. Dessa maneira, somente competem entre si. Uma competição de barcos a vela pode reunir, no mesmo evento, diversas classes que irão disputar as provas, chamadas regata, em locais (raias) e horários diferentes. É o caso dos Jogos Olímpicos em que atualmente é disputado por 10 diferentes classes de veleiros monotipos.
 
 

Jogos Olímpicos


 
A vela deveria ter integrado o programa olímpico na primeira edição dos Jogos, em Atenas-1896, porém as condições meteorológicas ruins impediram a disputa. Assim, a modalidade somente realizou sua estreia olímpica em Paris-1900. Ao longo dos anos, diversas classes fizeram parte do programa. Atualmente, são dez: RS:X (masc e fem.), Laser Standard (masc), Laser Radial (fem.), Finn, 470 (masc e fem.), 49er (masc), 49erFX (fem) e Nacra 17 (Misto). Em Tóquio-2020, o Kitesurfe deve ser disputado como esporte de exibição.
 
O Brasil tem tradição inconstetável na modalidade em Jogos Olímpicos. Os maiores atletas medalhistas do país são velejadores: Torben Grael e Robert Scheidt têm cinco medalhas cada. A vela é a modalidade com o maior número de medalhas de ouro olímpicas na história do esporte do Brasil: sete. Ao todo, os velejadores brasileiros já conquistaram 18 medalhas em Jogos Olímpicos.
 
A primeira medalha olímpica foi conquistada por Reinaldo Conrad e Burkhard Cordes. A dupla ficou com o bronze na Cidade do México-1968, na classe Flying Dutchman. Os primeiros ouros vieram em Moscou-1980. Marcos Soares e Eduardo Penido venceram na classe 470, enquanto Alexandre Welter e Lars Björkström ficaram em primeiro na classe Tornado.
 
Em Pequim-2008, o Brasil conquistou sua primeira medalha na vela feminina. Fernanda Oliveira e Isabel Swan faturaram o bronze na classe 470. O primeiro ouro entre as mulheres na vela veio na Rio-2016, com Martine Grael e Kahena Kunze, na classe 49erFX.
 
 

Ídolos


 
Três nomes se destacam entre os grandes velejadores do Brasil. Torben Grael, atual coordenador técnico da Equipe Brasileira de Vela, é dono de cinco medalhas. Ele foi ouro na Star em Atlanta-1996 e Atenas-2004 ao lado de Marcelo Ferreira. A prata veio na Soling ao lado de Daniel Adler e Ronaldo Senfft, em Los Angeles-1984. E bronze na Star com Nelson Falcão, em Seul-1988, e com Marcelo Ferreira, em Sydney-2000. Torben também é dono de seis títulos mundiais, uma Volvo Ocean Race (2008-2009) e uma Louis Vuitton Cup (2000), competição que antecede a disputa da America’s Cup.
 
Robert Scheidt também é dono de cinco medalhas olímpicas. Ele soma os ouros na classe Laser em Atlanta-1996 e Atenas-2004; a prata na Laser em Sydney-2000 e na Star, ao lado de Bruno Prada, em Pequim-2008; e o bronze na Star, novamente com Prada, em Londres-2012. Em Mundiais, Scheidt tem 14 títulos.
 
Irmão de Torben, Lars Grael possui duas medalhas olímpicas. Ele foi bronze na classe Tornado em Seul-1988, ao lado de Clinio de Freitas, e em Atlanta-1996 com Kiko Pellicano. Em Mundiais, soma duas conquistas. O segundo título veio em 2015, na Star, ao lado de Samuel Gonçalves. Lars, que tem parte da perna direita amputada desde 1998 devido a grave acidente, competiu contra velejadores sem deficiência física.